Um dia qualquer em nossas vidas
O metrô parou
A porta abriu
Uma multidão entrou e saiu
Todos numa mesma direção
A estação se esvazia
Num breve momento
Atrás de uma mulher
Vem um olhar
Depois surge uma canção
É assim
É assim
Que acontece a paixão
A memória acusa
Um segundo,um instante
Tiros de artilharia
Alguém corre,alguém passa
Camiseta de roqueiro
Calça rasgada
Pele tatuada
Cabelos pintados
Piercing no nariz
Na escada rolante
Tudo é lenda de amor
Na tarde de São Paulo
Fim de expediente
Escritórios do centro despejam
Saias e gravatas
Cartazes luminosos
Estudantes se misturam
Mochilas nas costas
Anéis na mão
Fones de ouvidos
Conversas em voz alta
Sentados nos bancos
Rostos escondidos
Notícias nos jornais
Na plataforma lotada
Casais de namorados
Razões e sentimentos
Vidas ao acaso
Encontro em tabuleiros
Peças de quebra-cabeças
Encaixes em conflito
Espremidos no corredor
Abraços de sombras
O metrô parou
A porta abriu
Uma multidão entrou e saiu
Tantas luzes
Páginas vazias
Horas fantasmas
O tempo é a vontade
Vontade de lembrar e esquecer
Vontade de viver
Céu escuro
Uma pomba voa
Operários descansam
Tanto passo perdido
Nas ruas da cidade
A chuva castiga
Os carros espirram
Poças de água
Nos pontos de ônibus
Atrás de uma mulher
Vem um olhar
Depois surge uma canção
É assim
É assim
Que acontece a paixão