SE
O céu derrama sobre mim suas lágrimas,
sem saber que eu, também, choro.
Choro, por esse amor que me consome
sem que eu tenha a digna coragem
de declarar-me apaixonado por ela.
Se eu pudesse por algum instante
arrancar desta muralha de carne e osso.
esse amor que toma conta do meu coração,
eu o colocaria por inteiro nas mãos dela.
Se eu pudesse libertar o coração
desta prisão intransponível e dolorida
que é este meu peito enamorado.
Correria, sem dúvida com ele, para junto dela.
Se a minha palavra emocionada pelo amor
pudesse chegar aos meus ouvidos.
Eu faria com que ela, somente ela,
com muita ternura a seduzisse.
Se pelo menos o vento que passa ligeiro
pudesse levar-me através do espaço,
ao encontro desse amor que me enfraquece.
Eu me deixaria, suavelmente, cair em seus braços.
Se diante dela, eu chegasse então.
Olhasse bem dentro dos seus olhos,
tão azuis como um céu de primavera,
eu tocaria sua boca, com um suave beijo.
Se por essa sublime ilusão desse amor,
eu pudesse falar com desvêlo:
Amo-te, como jamais amei alguém.
Ah! Eu juro que, a felicidade em mim acabaria.
18/10/1990
Haroldo Franco