BOCA QUE BEIJA OUTONO

Nas noites altas

o amor cavalga

no lombo dos sonhos.

Uma boca que beija

o outono da janela,

beija eu, beija ele, beija ela.

Nas madrugadas mudas

até os frios e apáticos

se mostram intensos.

É que a lua surda

desanda a brilhar

sobre os lençóis da cama.

É que pela fresta ela

também quer acariciar

uns corpos terrestres...

Depois, ruborizada,

se esconde por entre

as nuvens de algodão.

E, em outra noite qualquer,

se fingindo outra mulher,

brilhará noutras camas.

Mas, para os incautos poetas

ela se mostra sempre dama,

uma deusa acima de nós...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 18/01/2011
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