Lira II

Olhos negros

que em nada se entregam

quando olham pra mim.

Mas mergulho sem medo

nos teus olhos escuros

pois nunca me falam,

não me dizem quem são.

Se lá bate um coração

também forte por mim.

Por isso os quero.

Os quero aqui!

Mas a menina travessa, que mora em mim

não é submissa aos devaneios meus,

se apressa ligeira e me faz acordar

quando já estou diante

do grande amor meu.

E me fala tristinha:

Não te iludas,

não sofra em vão.

Pois já passa da hora,

da hora do fim.

Te afastas e corre,

fujas daqui, já que os olhos

que ama não tem pena de ti.

Olhos negros

que em nada se entregam

quando olham pra mim.

Me diz!

Me respondes

se os teus sentimentos

são recíprocos aos meus?

Teu sorriso responde.

Não me fala palavras

e nem delas mais preciso

quando esta diante de mim

segurando minha mão.

Mas ainda escuto

os gemidos da pobre menina

no meu coração.

Não te iludas,

não sofras em vão.

Pois já passa da hora,

da hora do fim.

Te afastas e corre,

fujas daqui já que os ohos

que ama não tem pena de ti.

Mas já é tarde

pois nessa hora

a única coisa que quero,

são eles pra mim.

(SIÁRIA REIS)