Imagem: ilustração p. letra da música Cuitelinho, de domínio popular, da região central do Brasil







   CONFISSÃO


[E chegar, é também morrer...]


Nas voltas do Tempo
deslizei meus medos
tantos medos
tantas curvas
solitárias curvas... 

E até desejo enfim
a grande Reta rumo ao Nada
pelo menos agora
pelo menos neste instante
entrecortada
delirante
cabelos ao vento e de novo
passos apressados
ao ponto de partida.

[Por  breves instantes
sorri à vida!]

Você adivinhou a flor
exposta além das grades
que se foi ao meu descuido.
[e estavas tão longe...]
Primavera silenciosa
flores mortas
perguntas sem respostas
sempre perguntas
que morrem na garganta!

Chegar é também partir
e o medo paralisa os gestos.

Mas amar é dizer sim!

Temos duas mãos
para que uma desfaça
o que a outra construiu?

Quero a tua mão na minha
e tão presa,
e tão minha, 
que,
 sob esta infinita ternura
que te guardo,
acolhida, amparada,
finalmente se torne
liberta!

E meus olhos vêem sempre
na mesma direção!
E as lágrimas
descrevem caminhos
de mágoas retirantes...
   
Meus passos apressados
voltam ao ponto de partida e
ainda assim
e sempre, 
olhos esperançosos
vislumbrando lonjuras...

Nenhum caminho existe
sem ti!



tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 16/01/2011
Reeditado em 26/04/2011
Código do texto: T2732937
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