O AMOR É O LIAME DAS ALMAS

Não há de terminar essa busca
incessante de amor:
até o fim de tudo estaremos
procurando o olhar do outro.

E, quando no outro lado estivermos,
os versos que escrevemos com mãos trêmulas
enfeitarão algum coração no mundo
com palavras de resgate.

Alguém abrirá o caderno,
lerá essas anotações,
aprenderá que o amor é igual
e é diverso:
todo amor é um só,
quando filtrado das dores de existir.

Por amor, sentimos facas no peito,
tivemos a carne separada dos ossos,
o olhar arremessado contra a parede
de um dia sem mais luzes.

Mas, por amor, atingimos o orgasmo
de sermos um sem nos tocarmos,
de bastar um sorriso para
a suprema epifania.

Não há que terminar essa busca.
No infinito, há de continuar
a longa jornada.
De mãos dadas, ou distantes,
sempre juntos.

O amor é o liame das almas.


(Imagem: Jan Saudek)