Deixa tudo queimar
Renascer em chamas
Porque antes a consumação
Do que o eterno último episódio
Das mentiras e da morte
Do hoje e do sempre.

Quantas fogueiras não ardem
Em nossa mente intocada?
Nas florestas que escondem
A fera
A quem calamos o rugido
O golpe preciso e belo?

Deixa tudo fenecer
Porque a beleza é mera cúmplice
Dos enganos do olhar.
Deixa partir a mulher acidental
Com quem dividiste a cama
E talvez o fio dental.

Incendiemos a monotonia
Voemos em pacto com os anjos...
Se expulsos fomos do Éden
Peçamos perdão a Deus
Ou ao vazio...

Posto que as chamas já abraçam
A minha alma, o meu sonho
Neste inverno pérpetuo e frio.