EU, A NOITE E O VENTO
Já é muito tarde.
A noite está muito fria e triste,
Mas eu ainda estou acordado.
Um frio intenso cobre o negro espaço.
O vento rasga a noite ora forte, ora moderado.
Fazendo a janela do quarto bater em descompasso.
Já é muito tarde.
O frio atravessa as paredes do quarto,
Querendo fazer parte da minha solidão.
Enquanto espero a chegada da mulher querida.
Mas, o vento que traz o frio,
Não traz a senhora do meu coração,
Deixando-me nessa ânsia louca e tão sofrida.
Já é muito tarde.
O relógio continua com seu tic-tac lendo o absurdo.
A noite no entanto para mim, não está sendo ofortuna.
Mas, eu espero co todo meu desespero,
Enquanto o vento continua gemendo a sua agonia noturna,
E a noite trabalha suas sombras tétricas com esmero.
Já é muito tarde.
Meus pensamentos confundem-se a cada momento.
As horas passam com incrível lentidão.
Uma lufada de vento entra pela janela como um açoite,
Ferindo meu corpo com seu ar gelado na imensa escuridão,
E, meu olhar perde-se no negro manto da noite.
Já é muito tarde.
Faltam poucas horas para o amanhecer.
Eu sei porém que ela não mais virá.
Pois, nem mesmo o forte sopro do vento a trouxe para mim.
Mas, isso não irá me sucumbir, porque uma nova manhã nascerá,
Cheia de deslumbramento, de luzes e de esperanças sem fim.
Já é muito tarde.
A noite aos poucos vai despedindo-se do dia.
Afastando-se com nobresa, para dar lugar a uma linda manhã,
Enquanto o vento vai abrandando-se na medida que o Sol se apronta,
Para distribuir matriz com agradável afã.
E, majestosamente um novo dia desponta.
10/10/1990
Haroldo Franco