Em plena alegria

Nascentes brotam em plena alegria dessa noite que termina.

Finda a dor que a cada dia tece o pranto em notas mal dormidas,

e uma sombra vestindo-se para a aurora quase fria que domina

seguindo o compasso do que coube ritmar notas embevecidas.

Lá, o louco buscando Sol, ri dos agouros dos cativos em agonia,

outro hino, e ri o louco que encontra a sobriedade de outra vida.

Vai maltrapilho, arrastando o destoante brilho que lhe cega o dia,

Desperta o dia!

Acampa a máscara que reveste a alma se pede alforria,

apresenta aos céus às toadas, e talvez a suave ave-maria,

ou quem sabe... volta às correntes que se carrega na romaria

libertária do gesto dessa face que esconde o olhar. Esquece!

Já não grita a boca destemida, pois seca, repousa nas areias,

e nem desce todo desprezo da noite no frio que alvorece...

É plena a alegria das mãos que moldaram a colcha nas teias

retalhadas pelo açoite da vida que se encontra noutra prece.

Que dia! Que alegria?

08/10/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 24/10/2006
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