VAIDADES
Moça ainda, já se mostrava faceira.
Não tinha orgulhos, humilde, serena,
E mesmo sem ostentação, tinha o porte,
A leveja no andar, quase uma bailarina,
Despertando sensualidade, desejos até.
Procurava nos humildes sua interação,
Pois via na miséria as diferenças,
E sentando-se nas guias das sarjetas,
Ouvia atenta verdadeiras preciosidades,
Histórias de vida construidas até com dor.
Aquela mãe carregando a criança faminta,
Foi desalojada do lar pelos infortúnios,
E clamava agora por um teto que não tinha,
Pois o seu se desfez pelos vícios da droga,
Sofrendo agora por não ter nem cobertor.
Moça elegante que se entrega às crianças,
E delas tira os sorrisos que até esqueceram,
Brincando de roda, passa anel e esconde-esconde,
Para depois entretê-las com histórinhas de fadas,
E depois abranda a fome com deliciosos quitutes.
A vaidade sem orgulho e com humildade,
É imprescindível para realçar os encantos,
Pois a mulher tem que ter esses predicados,
Mas se for usada para atenuar os sofrimentos,
Ela se torna uma linda flor destilando perfumes.
11-01-2011