Castiçal

Estive relutante quanto a te expor os meus delírios

Não estava certo de que me vias como te vejo

Ou que entenderias se , de repente , eu te tomasse pelas mãos ...

E te levasse comigo , sem destino … o horizonte seria perto demais

E ao aportarmos um no coração do outro , pávidos e cuidadosos

Com as mãos cheias de afago , e o corpo em febre

Saberíamos somente que não há nada que nos custe a recíproca companhia

Pensando nisso , eu disse ao meu melhor amigo : Eu não sei o que fazer

Ainda embriagado com o cheiro da tua pele , e o toque da seda em teus cabelos

Me admirei por estar tão preocupado … descansei , criando vários encontros em minha mente

Estávamos bem , e eram todos dias lindos

Criar é algo muito complexo , mas é seguro ... quase sempre

Fez frio enquanto abrias a porta

Depois que saíste , o tempo congelou , as horas só passavam às vezes

Realmente , me provocas os sentidos

Mas amar essa loucura toda , é me realizar amante e homem também

Nas últimas horas sem sono , entorno o quarto com cenas fantásticas

Mas estou privado de te integrar , nem tudo é maravilha

Então minha natureza , em silêncio , se recolhe e vai sonhar ...

Com a luz do meu corpo à luz do teu … castiçal que és , de todo o meu domínio vital .

Daniel Sena Pires – Castiçal (24/08/2010)