NO PRINCÍPIO ERA A PAIXÃO

No princípio era a paixão.

Encolhido pelos cantos,

abandonado, largado ao relento;

caminhos longos, manhãs apagadas

em noites extenuantes de claridade.

Os olhos - farol aceso em plena madrugada;

o escurecer trocado de lugar com o dia.

A razão indo ao encontro da ilusão;

milhões de eventos, pensamentos fúteis,

coração, "habitat" do imaginário.

Embutido n’alma, o desassossego da solidão:

O que se pensa não faz, o que se faz é o impensável.

Os nervos - fios elétricos desencapados,

portal para o desequilíbrio da visão das coisas:

Um vivo morto, um morto acordado,

no vale-tudo da paixão, onde se explora

desejos - sofrimento consistente.

O desgaste, o cansaço, a impressão de não ter...

A perda da angústia é o amor fremente,

a promessa de um recomeço noutros moldes.

O amor acende a escuridão, a paixão não responde;

o que foi perdido na dor, não mais se encontra;

o respirar da nobreza, fortalece o coração

trancado na pressão - metamorfose velada,

esperança real – princípio do amor – fim da paixão!

Zecar
Enviado por Zecar em 24/06/2005
Reeditado em 15/06/2016
Código do texto: T27220
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