NO PRINCÍPIO ERA A PAIXÃO
No princípio era a paixão.
Encolhido pelos cantos,
abandonado, largado ao relento;
caminhos longos, manhãs apagadas
em noites extenuantes de claridade.
Os olhos - farol aceso em plena madrugada;
o escurecer trocado de lugar com o dia.
A razão indo ao encontro da ilusão;
milhões de eventos, pensamentos fúteis,
coração, "habitat" do imaginário.
Embutido n’alma, o desassossego da solidão:
O que se pensa não faz, o que se faz é o impensável.
Os nervos - fios elétricos desencapados,
portal para o desequilíbrio da visão das coisas:
Um vivo morto, um morto acordado,
no vale-tudo da paixão, onde se explora
desejos - sofrimento consistente.
O desgaste, o cansaço, a impressão de não ter...
A perda da angústia é o amor fremente,
a promessa de um recomeço noutros moldes.
O amor acende a escuridão, a paixão não responde;
o que foi perdido na dor, não mais se encontra;
o respirar da nobreza, fortalece o coração
trancado na pressão - metamorfose velada,
esperança real – princípio do amor – fim da paixão!