QUEM SOU

Bucólicas saudades dos tempos,

Assim procurei minha essência,

Esquecida, adormecida até,

Pois estavam quase sufocadas.

Vi um menino de pés descalços,

Solas grossas por tantas andanças,

Sem rumo, parando, querendo correr,

E depois, já cansado, descansava.

Ativei memória e me vi jovem,

Acanhado, filho da roça, caipira,

E a cidade grande me assustou,

Pois conhecia sómente o campo.

Fui tateando já assustado,

Num mundo de outras dimensões,

E as adaptações foram acontecendo,

Até que me acostumei.

Adulto, estudado, já com objetivos,

Busquei as razões do amor,

Pois eram intensas as buscas,

Ditadas por coração suplicante.

Encontrei por um acaso,

Num olhar, sem propósitos,

Que se intensificaram,

E ali, numa súplica, meu amor floriu.

Tantas eram as carícias, os momentos,

As buscas que nunca ousei,

E até a lua se enamorou por nós,

Jovens ainda enfeitiçados por ela.

Sem ousadias tive calmarias,

Enfrentei desafios turbulentos,

Mas o amor jamais arrefeceu,

Pois tínhamos Almas compartilhadas.

Um dia, no entanto,

Por destinos que a vida prepara,

Aquele amor lindo se foi,

E eu, frustrado, então me descobri.

08-01-2011