Distorção
Sai do foco, luz distorcida,
golpeada, atingida, morre ofendida,
regando em lágrimas o que foi um dia
a imagem que reluzia sem medos ou covardia.
Perde-se em sombras, assoma-se,
rende-se, dá-se por vencida.
Prostra-se subjugada por mentiras,
línguas pérfidas tiram-lhe a vida!
Renasce!
Na morte encontra sua guia,
assume novas asas,
no manto da noite se abriga, e briga...
Clama pelo sangue,
combate, grita,
sobrepõe-se ao destino que existiu um dia.
Toma as próprias rédeas,
faz-se só e na solidão só sua,
caminha...
São seus os gritos antes emudecidos,
prostituídos pela vaidade que se erguia,
alimenta com o fruto de suas entranhas.
O tempo no espaço fenecido,
fere a semente que germina marcando a terra
com seus passos sem vida.
Segue no vazio, brada aos ventos, fere a luz,
semeando lamentos, é o fruto germinado da imagem
desmistificada, desnuda do próprio momento.
Seu é o verbo, a razão, o julgamento,
o fim que acompanha a vida na morte,
que macula a origem do tempo.
03/09/2006