Não há razão para amar
Conheço sem ver
Toco sem ter.
O amor não é possível
Para que dentro dele viva o impossível.
O amor é amplo
Desconhecido em seu sentido mais profundo.
O amor que impulsiona
É o mesmo que destrói.
Por não ser incondicional
Um dia acaba.
Acreditar em sua eternidade é prolongar o instante que leva ao fim.
Acreditar que o amor aguenta tudo é reduzi-lo a nada.
O amor que devora
É tão inverso em sua intensidade,
Buscar sentido é contradizer-se.
Não há razão nenhuma para amar,
A amplitude do ser sempre se confunde em sua mesquinhez.
Não há razão nenhuma para amar,
Perdendo-se cada vez mais nas palavras, no espaço do tempo.
Não há razão nenhuma para amar,
Na inebriante sutileza das ideias insensatas.
Não há razão nenhuma para amar!
Eis que surge um sentimento involuntário, descabido de razão,
Um sentido por menor que seja, surge da ignorância.
Existe enfim uma razão para amar?