Chuva- Mil gotas, Mil palavras
A chuva cai terna
E na rua deserta os primeiros brilhos da lua
A chuva cai mui cadente
E molha a alma tão nua
Na calçada um cão passa ladrando
E sobre o muro um gato ouriçado
Vê-se na outra calçada uma janela semi-aberta
E a coisa mais certa
Vi seu doce pecado
Que alimenta a fantasia do poeta
O vento sibila entre pingos
Da chuva que cai mansamente
Cada gota é minha saudade
Cada saudade, o meu pensamento
Mil delas molham a sacada
Outras mil banham meu rosto
Mil são as que molham meus sonhos
Outras mil me matam de desgosto
Elas declaram você
Que pela janela só vejo o vulto
E em cada movimento teu imagino
O desatino, viver nesse insulto
Em mil palavras de amor eu te verso
Como a chuva que em mil notas ainda cai
Entre chuva e versos confesso
Meu amor que por ti não se esvai