O Choro da Cabrocha

Ao som de Nelson Gonçalves escrevi essa poesia e fui mostrar a meu avô como uma cabrocha cheia de alegria, percebi que ele olhava atentamente para a televisão então na notícia prestei atenção. Na cidade de Mairiporã um neto mata o avô a facadas e depois drogado lhe arranca o coração, sem pena nem dó ainda fez tudo isso em frente a avó.

Vendo ele abalado mostrei a poesia mais disse que não iria postar. Mais uma lição nessa vida ele tinha que me ensinar me dizendo que o mundo eu não posso mudar, que minha alegria a ele tbém ia contagiar e que deveria sim postar porque no mundo almas estavam a vagar, algumas em forma de netos que vieram para a vida ceifar e outros que vieram para esse mundo somente para amar.

Seja feita sua vontade vô João !

Afastem todos os móveis do salão

A próxima dança é o encontro da moça charmosa com o boêmio fanfarrão

Por favor vô ponha um vinil de Nelson Gonçalves na vitrola

Sua neta sobe no salto e agora é a dona do quadril de mola

Não se preocupe nenhuma parte do meu corpo estará a mostra

Inevitável e descoberto apenas um par de pernas grossas

Na gafieira dispenso a vaidade

Seduzo com o balanço do meu corpo nos braços da saudade

Nelson Gonçalves se de repente descuidada eu pisar no seu pé

Me perdoe porque sou apenas uma menina brincando de ser mulher

Pegue seu violão de ouro e toque para aliviar meus ais

Depois enlaçe pela cintura a moça de Batatais

Dizem que não posso dançar com você porque esta no céu

Ledo engano pois não existe nada mais gostoso do que dançar nas nuvens com a cabrocha Raquel

Faça do salão de dança meu coração

Mais já aviso a segunda dança é do meu avô João

Não pude te dar as flores em vida

Então te ofereço preces e poesia desmedidas

Ao invés de chorar

Aceito tua mão amiga me convidando para dançar

Não se importe quando dizem que não sou do seu tempo

Meu tempo é a eternidade

Afinal nunca vi saudade ter idade

Não nasci a tempo de te conhecer

Mais seu legado faz ao teu talento eu me render

Nessa vida enquanto uns abrem os olhos e chegam a vida de uma longa viagem

Outros fecham os olhos dessa vida apenas de passagem

Não me ofereça seu cravo vermelho preso na lapéla

Gosto mesmo é de serenatas na janela

Ao vê-lo nesse terno de giz riscado

Abri um sorriso como uma moça diante do primeiro namorado

Mais não perca a linha nem pense besteira

Sou a mineira que seduz apenas nas quatro paredes de uma gafieira...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 05/01/2011
Código do texto: T2711476