Desamor
Os cacos que restaram do que foi grande amor,
Cravam sem dó no meu peito toda a sorte de dor.
A penumbra do ambiente faz minha alma doente.
As horas hoje não passam se firmaram no ausente.
Lembranças bailam no espaço carente de afago,
Madrugada que não passa Sol que não vem raiar.
Amanhece um novo dia para viver empurrado,
Riso plástico superficial, semblante desfigurado.
Na roseira só espinhos primavera que não chega.
As flores da alegria, hoje murchas desbotadas,
Enfeitam a vida sem nexo hoje o nada do nada
Minha face em tons cinza de lágrimas encharcadas
No silêncio da penumbra revisito a madrugada,
Encontro a dor da ausência o estado de demência.
A vida descompassada quer da dor ser afastada,
Dos cacos e dos espinhos da primavera desbotada.
(Ana Stoppa)