Água

Na morna banheria

revejo uma vida inteira.

Desde o primeiro começo,

até o último tropeço.

A água morna

é bálsamo que me adorna;

lava minha dor

e afasta o conhecido terror.

Mas lhe falta uma Serena Sereia,

cujo canto tudo incendeia

qual paixão e meia.

Agora sei, é tempo doutro Mar,

de outro ir e vir

e de inútil prosseguir.

Tempo de olvidar o homem havido,

seu queixume indevido

e seu desejo indeferido.

Tempo de esquecer

a dura e fria verdade

do amor já não ser uma possibilidade