CASINHA EM AGOSTO
É o silêncio da casa
que me diz o quanto vales.
Televisão.
Submundo que me submete.
Tiro a barba de dois dias.
O espelho me olha com ciúme.
Os lençóis e a cama
namoram sob o dossel.
Livros cantam cantigas de ninar.
Poemas tão antigos
quanto meus dedos
nesta máquina,
inquietos,
a te esperar.
Pela janela, a invernia.
E a rua morta.
– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Universidade Federal, 2000, p. 47.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/2708507