Touto

Vamos! Diga-me quem tu és

Ou me deixa aqui deitado

Para pensar em tudo que fui usado

Sem ter que adivinhar teu passado

Diga-me que foi da velha guarda

Que soube o que era aquela falha

Que todos diziam ver no mundo

Mas que ninguém sabia onde estava

É aquele que não deve ser nomeado?

Que me faz sentir atração pelo errado

É aquele que todas as noites me lembra

Que sou um louco desequilibrado

Sei bem quem sou perto de ti belzebu

Sou um mero boneco de seus vodus

Mas te direi agora uma mera verdade

Deixarei que me use em troca de arte

Arte essa que usarei para comprar e comprar

Que direi a todos que uso como poder de matar

E se mesmo assim o mundo não me souber respeitar

Direi – vá falar com o diabo ele que me fez poetizar

Touto!touto!touto!touto!touto!touto!

Absolutamente não estou ficando louco

Estou dizendo que tenho o poder do ‘’ todo’’

De dizer se vou ou não viver a vida de um morto

Tentando dizer-te quem eu sou quero cantar

Sou aquele que tudo viu e mesmo assim não vai chorar

Sou a maldade no coração de todo homem a assassinar

Aquele que todos gritam depois de não poder mais amar

Sou mesmo o próprio amor tentando assassinar

Se o demônio faz sofrer porque temos que chorar

Acho mesmo é que sou santo perto desse tal de amar

Que machuca cada um dos anjos que insistem em pecar

Chamas-me de belzebu porque vim aqui te buscar?

Deverias amaldiçoar o amor! Ele que te fez chorar

Sou apenas um carrasco e tenho que trabalhar

O amor te faz sofrer a vida inteira só pra te ver errar

Vamos! Vamos! O inferno não é tão ruim

Vais poder ter a dor que sempre quis ter

Pois o amor não é fogo que arde sem se ver?

Acreditou nisso a vida toda e agora vai morrer

Touto!touto!touto!touto!touto!touto!

Vou cantar como você poeta louco

Que amou!Amou! E acabou morto

Se soubesse disso teria vivido solto

(ardência) – gritos e choros.

Vamos!Vamos! Não tenho o dia todo

Quero poder levar-te poeta tolo

Observei tua vida e não vejo um ‘’ todo’’

Vi um poeta que pra mim sempre foi morto

Vamos! Levante! o que tanto ainda escreves?

Será que não vê que é por isso que te busco?

Condeno todo esse amor que disse sentir

Por pecar e nessa terra imunda eu ter que subir

(silêncio) tosse.

Quero dizer-te em pé que essa é a minha ultima poesia

Belzebu te chama sim, mas não é pela brutaria

É por todos aqueles que levastes e que escreveram um dia

A ultima poesia pro mundo da calmaria

Calmaria do amor que cerca a vida do poeta

E é isso que nos torna humanos e filhos de Deus

Somos o amor do Criador amando o que ele fez

Somos sim o amor que arde e queima sem se ver

(luz dos céus sobre a cena) voz divina.

Soube dizer o que o amor tem a dizer

Não quero que toques nele, esse quero ter

O amor não é pecado é essência de viver

É o exemplo vivo do que amar quer dizer

Poeta leia pra mim as duas ultimas linhas

Do poema que diz ter sido o ultimo da sua vida

Diz assim; dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor

Prefiro tê-la, ouvi-la, senti-la, cuspi-la, por favor,

Mas me deixe viver para morrer novamente de amor.