CANTOS DE AMOR VIII
CANTO DE AMOR N° VIII
Lílian Maial
Por onde anda aquele por quem me deixei levar?
Aquele das promessas eternas, da fonte inesgotável de prazer, das noites aquecidas pela luz do olhar singelo?
O que tem almofadas nas mãos, de acarinhar sentidos, de aconchegar certezas, de apertar a carne.
Pastor de um rebanho de palavras desgarradas, obedientes ao cajado dos lábios, que encerram o segredo da minha vida, eu, a amada, a escolhida e benta dentre todas!
O que tem ânsia dos guerreiros cansados das batalhas, por onde insinuo, sequiosa, os braços de repousar e ebulir, e de encontrar a paz e a agonia eterna, sem alças ou grades, envolta nos mistérios de um coração menino.
Eu, tua amada, a primeira e a derradeira, a que deixou sua marca em cada pensamento e em cada paisagem deserta, à tua procura, meu doce eleito!
Aquele, cuja boca selada me sonega os beijos, que me são bálsamo, cujos olhos exprimem o conhecimento da felicidade e dos céus, nuvens onde mil anjos brincam de esconder o amor.
Eu, tua amada, a derramar lágrimas de sofrimento pela ausência de tua voz, a me penitenciar da ousadia de roubar-te o sono, deslizando minha volúpia em tua pele de palha e seda,
amado meu, homem dos meus delírios, abençoado fruto de um pomar de sonhos, que entra nos meus aposentos nas mil e uma noites de sedução, e expulsa a minha castidade e o meu pejo.
Percorre meu corpo e me torna escrava, bebe dos meus licores e me açoita com o vigor e a maldade.
Escolhe-me entre as santas e as madalenas, mulher de desejos e obediências, comando e servidão, para conceder-me, enfim, o indizível prazer de te ouvir vociferar meu nome.
*********