Majestade Estática 2 - Um Monólogo Delirante
Segundo Ato
Prostrei-me diante do AMOR e o venerei,
dei como oferta, meus sonhos feitos em pedaços
que ele reconstruiu com suas mãos de gelo.
Bebi do seu olhar na sofreguidão da minha sede,
alimentei-me de migalhas de afeto
que caiam de sua mesa.
Fiz para o AMOR, deus, majestade,
um altar adornado com preciosidades
recolhidas no mar de minhas fantasias.
Forrei sua cama com as pétalas das flores
desfolhadas da roseira de minhas esperanças.
Molhei o seu corpo com o bálsamo perfumado,
preparado com o sumo de minhas crenças.
Fiz do AMOR, um deus, de mim, uma mendicante
e passei minhas horas sentada à sua porta
ouvindo a música que ele não compusera,
esperando a palavra que não dissera,
buscando um gesto que ele não pudera dar.
E assim, o AMOR, majestade estática,
com seu olhar de metal fitando o meu,
com seus ouvidos surdos ouvindo meus sussurros,
com seu corpo frio que irradiava calor,
com sua voz muda que falava de anseios,
com suas mãos paradas que me aconchegavam,
imprima em minh’alma SEUS VERSOS EM COR.
Hoje, o AMOR, majestade estática,
paira no ar e não o encontro.
Silencia-se a música, calam-se os sussurros
pois é chegada a hora de despertar,
buscar a verdade, mergulhar no êxtase
de uma fria realidade.
Hoje, é hora, é fim.
Transformem-se verdades em verdades,
mentiras em mentiras.
Não vivamos de amor fantasia
que enlouquece.
Encontremos apenas ...
MOMENTOS PARA AMAR !!!
ailecaniger - reginacélia
Direitos Autorais Reservados
Escrita em 1979 - do Livro "Sublimação"