Majestade Estática 1 - Um Monólogo Delirante

Primeiro Ato

Caminhei por estradas tortuosas, pisei sobre pedras,

feri meus pés na dureza do solo.

Procurei uma fonte de águas límpidas e frescas,

mas encontrei apenas o enxurro das chuvas

que caíra das montanhas.

Vaguei por entre montes, colinas e planícies,

escutei o cantar do vento, o murmurar dos rios.

Assisti a guerra da natureza no ribombar dos trovões,

vi a amargura dos que nada têm e nada querem buscar.

Vi também a alegria pura da criança

que em tudo crê... sabe sonhar.

Busquei a fundo a alma das gentes

que espalhadas sem rumo, acreditam em suas metas

e nelas encontrei apenas o desejo imenso

de ter em seu caminho.... um pouco de AMOR.

Caminhei sozinha e caminhei de mãos dadas

com a mentira que desejei realidade.

Chorei baixinho com medo de que a vida

ouvindo meus anseios os tornasse mesquinhos.

Sufoquei os soluços ainda no peito

e retive as palavras de AMOR

que não me deixaram dizer.

Não só chorei a grande dor das gentes

que vêem seus planos em fracassos se tornar,

mas ri também, com alegria imensa,

diante dos frutos do AMOR e da REVOLTA,

que a vida me deu.

Não só me calei diante da mentira,

do insulto e da blasfêmia,

como também gritei as verdades

que meu coração aprendeu.

Nestes caminhos rudes, senti o cansaço,

o mundo sem cor, os campos secos

e aqui dentro o desespero de nada sentir.

Fugi. Busquei a fantasia para um reencontro,

e foi assim que sob a chuva fria,

de um inverno longíguo,

com o coração gelado,

batendo lentamente no peito,

fui ao encontro do SONHO e encontrei o AMOR

vestido como majestade,

sentado em um trono NEGRO,

como estátua

e no seu rosto frio e indiferente

vi a semelhança do mármore

esculpido em ARTE GREGA.

ailecaniger - reginacélia

Direitos Autorais Reservados

Escrita em 1979 - do Livro "Sublimação"

ailecaniger
Enviado por ailecaniger em 22/10/2006
Código do texto: T270677