DEVANEIO - Um monólogo alucinante - Parte 2
SOU o grão de areia oculto, perdido
nas praias ondulantes, escaldantes,
onde a vida é nada, além de um sonho
nesta terra possuída por ninguém ...
VOCÊ é o muro que delimita, cerceia,
reprime, isola e também liberta
a avalanche alienada, desordenada,
daqueles que não acreditam mais ...
SOU o mar revolto, ansioso
que se debate, se desgasta,
sem conseguir entretanto,
verter todo o seu desencanto.
VOCÊ é o gelo feito de calor,
é a esperança feita de tristeza,
é a alegria feita de desesperança,
vida ressuscitante, ódio e amor.
SOU o silêncio que fala de tudo,
grito estridente no deserto mudo
lamentando seus sonhos perdidos,
com frases que não falam a ninguém.
SOU a mentira e também verdade,
sou o silêncio, o murmurar,
a noite, o dia, a própia morte,
sou EU, feita de mim, com partes de você,
sem parte de mim, SEM TUDO DE VOCÊ ...
VOCÊ é verdade sem mentira,
o silêncio sem murmurar, sem queixas,
a noite sem escuridão, dia sem chuva,
é a segurança feita só de você,
SEM PARTE DE MIM, todo só AMOR
refletido no espelho de minha
profunda AFEIÇÃO ...
fevereiro de 1978 – reginacélia - ailecaniger
Direitos Autorais Reservados