Palhaço Poeta
Palhaço poeta .
Vou me sentir um palhaço quando a chuva passar
Pois vou rir insanamente e não vou conseguir parar
Deitarei-me no chão e começarei a rolar lembrando
As noites que passei aqui no mesmo chão chorando
Poeta e palhaço, triste e traumatizado, poeta palhaço.
Que ao sorrir nele mesmo causa grande impacto
Por saber que não tem forças pra sorrir, ingrato.
Esquece-se de que a dor que fez dele um pacato
Pacato homem de vida simples e tranqüila
Que com a noite agitada ele sonhava e ria
Ria dos pactos que a noite agitada lhe traria
E quando chegou a hora não soube o que ela faria
Essa é a diferença entre o poeta e o palhaço
Prefiro chorar de dor a ser obrigado a sorrir! Ele diz.
Não vê que chorar e escrever é não ter que rir?
E se não sorri e se obriga a escrever, porque mentir?
Companheiro palhaço se esquece da sabedoria
Essa que uso em cada gota das minhas lágrimas
Se sofro e choro não é por coisas imaginárias
É por conta de boas lembranças que se tornaram lastimas
Diz-se então que o poeta é um palhaço nato
Que chegar a ser engraçado de tão ingrato
Pois se hoje choras de alegrias do passado
Quer dizer que antes de poeta viu-se aqui um palhaço
Palhaço fui enquanto gozava do amor que perdi
Que agora me faz chorar, sofrer e escrever
Mas que antes muitas luas de amor me fez ter
E eu não sabia o que sofrer queria dizer
Muito estranho é o espelho refletir no palhaço o poeta
Ajoelhado a sua frente me vejo na metade do palhaço
E em mim chorando ele se vê sofrendo e chorando
Pois o poeta e o palhaço são a mesma pessoa amando
Antes eu era um palhaço por sorrir de todas as piadas
Agora sou poeta por chorar e não rir de mais nada
Se antes não escrevia pra pessoa que era por mim amada
Agora deitado no chão escrevia chorando e ouvindo sonata
Que fique bem clara a dor palhaço poeta
Que vive esperando a volta do que se perde
Mas que acha que a luta está no que escreve
Mas quando está bem não escreve uma linha que preste
É absurda a força da caneta sobre ele
Que escreve todos os dias, mas hoje teme
A volta daquelas piadas de que ele tanto ria
Por saber que jamais escreverá como escreveu um dia
Por outro lado sente a dor do palhaço
Que se tem as piadas de volta no colo
Não poderá sofrer e escrever um verso
Que façam as pessoas irem ao inverso
Inverso do palhaço poeta triste e traumatizado
Que diz hoje diante do espelho que é amargurado
Por não ter feito sorrir a pessoa por quem foi amado
E não ter dito o quanto a amava enquanto era abraçado
Diante do espelho refresco o sorriso forçado
Digo boa noite palhaço! foi bom ter conversado
Enquanto poeta sorri e diz que jamais foi amado
E que todo esse melodrama foi pelo poeta, imaginado.
- boa noite palhaço!
- boa noite poeta!
- boa noite aquele que essa poesia interpreta.