Nossos Corpos Distantes
Mas, meu amor me move de encontro à tua felicidade,
Pois a minha, isto é, na verdade.
Que mais queria falar?...
se não tivesse nada mais a falar eu beijaria...
Não como os vulgares da noite fria,
Que se enchem de prazer matando a alegria,
Espontânea dos seres por eles explorados
As pétalas da rosa, úmidas e cheias de ardor,
Esperando o que nada mais é do que amor
Envolvido num véu negro, paixão.
Que entra, enche, esquenta! Explode-te o coração!
Como o calor que vêm depois do ar frio
Como nadar gostosamente a favor do rio
Como teu carinho, amor, calafrio!
Ah! Se meu corpo pudesse ser dado a você
Como prova do sentimento que nem quisemos ter!
Mas, que, de repente, invade a mim, a você
Se meu corpo fosse meu, eu te daria
Mas, não posso te oferecer o que já te pertence
Com tua alma se compra amor
Com a presença se serve ardor...
E como se tudo terminasse como quiséssemos?
De um lado nossos corpos cansados de amor
De outro lado, nossos corpos frios e separados
Quero cansar teu corpo, mantê-lo saciado...
Mas, o que me ofereces é mais e mais saudade!
Saudade do teu cheiro que não sinto
Do abraço, do beijo, da voz, do suspiro...
Que eu esteja a entrar por todo o teu corpo
A provar teu suor salgado.
Que este sentimento não morra comigo
Que minha alma, na tua, encontre abrigo
Meu corpo, no seu, um amante, um amigo
Que teus desejos estejam aquém de tua indecisão
Que me abra o corpo,o sorriso, o ensejo, o coração.