O PRAZER DA POESIA
Escrever é deixar o sentimento
correr solto pelas pontas dos dedos
Chego a salivar quando vejo
que o espaço vazio vai sendo preenchido
É como o barulho que acorda o silêncio,
como o vento que refresca uma noite de verão,
é como a lembrança da imagem do teu corpo nú,
como o sabor inigualável dos seus doces beijos.
Escrevo sobre certezas e incertezas.
Escrevo sobre um passado que insiste em ser presente.
Escrevo sobre o que não vejo, escrevo sobre o futuro.
Muitas vezes sou o que escrevo,
outras vezes o que escrevo sou eu.
Palavras, frases, rimas
textos fora de contexto
uma parte de mim vai se precipitando
e quando olho, lá estou eu.
Feito um espelho, vejo todos os meus temores,
meus receios, meus desejo e anseios.
Vejo o quanto sou imperfeito,
e as vezes me acho insolente
por tentar ser um poeta,
ainda que amador.
Escrever é como o gozo da mente,
não apenas uma masturbação,
um ato solitário e frio.
Quando escrevo estou sempre acompanhado
e se engana que penso na minha solidão.
Minha parceira inseparável é a inspiração,
e nos últimos anos eu me despi dos meus sentimentos
deixando letras e sílabas pelos cantos,
tal como nossas roupas ficavam espalhadas pelo chão.
E a cada comentário, a cada agradecimento seu,
o tom de sua voz me faz ter um orgasmo supremo,
tal qual eram os nossos momentos de intenso prazer, amor e tesão.
Enfim, escrevo pra me sentir vivo.
E enquanto estiver vivo,
quero expressar o que sinto
em prosas e versos.