As Amoras...
Colhe-se as amoras enquanto ainda há orvalho
E elas estão frescas pela brisa da noite e da manhã.
O sumo escorre lentamente pela boca
Sorvido como bom vinho degustado...
Uma gota ardilosa escorre e cai
Em alvíssima veste
Transmudando-se em vermelha mancha
Como sangue sagrado... Consequência...
Marca indelével... Para sempre ficará!...
Enquanto vibra a doçura imensa deste êxtase
Um espinho fere e vai direto ao coração...
É o preço da Vida, da Felicidade,
De um instante louco de paixão!
(... ... ...)
Quebra-se o cristal: desfaz-se a cena.
Mas a gota de sangue permanecerá...
Nada mais será como era antes,
Mesmo nas noites encharcadas de luar...
Não há momentos loucos que não deixem marcas...
- Não há amoras suculentas sem espinhos...
E o sangue é aliança que não se apagará...