In Poema 


E foi assim:
enlaçada pela palavra
que me dispersei
e tornei-me lavra
campo aberto ao mundo
um pomar, florido...
Já sem limiar
corpo de infinito
ao tempo a exalar
o incontido grito
vida a esvair
do frasco restrito...
Num evolar solene
num fluir tão livre
mergulho ao perene
em suave deslize
tal o orvalho ameno...
E à verve incontida
a ebulir ao amplo
nunca em mesmo rito
ato em dispersão
entranhado ao mito
nova encarnação...


ANA MARIA GAZZANEO


Segue o vento
O murmúrio nunca é o mesmo.
Segue a chuva
O encanto quebranta o espanto
Tal rito não é mito
É consolo que consinto
Amena a caminhada
E enternece as noites.
Tenho saudades
E muitas;
Divididas em pequenas partes
Fogo de carvão
Dulcificando o feijão!
Chá de cidrão,
Com biscoito de água e sal
Da praia do tombo
Sem bandeira azul
Sem edifícios
Sem barracas
Apenas mar e mar
Surf e lual
O campo é sempre santo
E neste não há mortos.
Em tal campo não culmina o pranto
Mas poderá ser que o encontre,
Dispersivamente indo e voltando
Este campo-coração
Difere do campo da razão
É nutrido pelo hoje, pelo agora
Para o amanhã!
Deixe que no fornilho da mente
Pães ázimos assem para o futuro. 


 Olimpio de Roseh

Minhas reverências a amiga poetisa


Imagem: Olimpio de Roseh
" Praia do tombo - Guarujá - SP

 "