Canção do meu amor por você
Divaguei consternada de enlouquecida paixão.
Era noite, todos dormiam, - e eu?
Sucumbia ao peso desse amor incinerado pelo tempo.
Um evento que não tem como renunciar, pois, apesar do sofrer,
ainda lembro você me surgindo na multidão,
segurando minha mão e olhando em meu olhar.
O que tinha pra ficar ficou! Não há o que mudar.
Mundo de espera, - você me procurar depois de tanta dor.
Sabedor do meu carpinho no ninho do teu olhar
enevoado pelos anos que sozinha estou,
sem nunca ter comungado comigo,
o meu envelhecer sem saber de você.
Não teve jeito. Você partiu de mim, e me levou junto.
Esqueceu-se de me devolver a mim mesma, e a ermo fiquei soterrada em escombros inimagináveis,
tormentas de temporais atemporais
por ter perdido a noção dos dias, das horas de mesmice
e da solidão sem você. - O que fazer?
Encolho-me como se num saco de dormir, a ouvir
distante sua voz de sonho, sentir seu perfume que não me lembro,
apenas invento pra não morrer de inanição,
por ser ele o alimento inconsciente de minha alma...
Há quanto tempo não invento o meu inventar,
e lhe recolho em meu sonhar, misturando o seu gosto.
Seu toque de retoques que não mais me lembro...
Apenas entendo que era meu pouso!
Meu repouso do cansaço do mundo, apenas, apenas...
Edna Fialho
Divaguei consternada de enlouquecida paixão.
Era noite, todos dormiam, - e eu?
Sucumbia ao peso desse amor incinerado pelo tempo.
Um evento que não tem como renunciar, pois, apesar do sofrer,
ainda lembro você me surgindo na multidão,
segurando minha mão e olhando em meu olhar.
O que tinha pra ficar ficou! Não há o que mudar.
Mundo de espera, - você me procurar depois de tanta dor.
Sabedor do meu carpinho no ninho do teu olhar
enevoado pelos anos que sozinha estou,
sem nunca ter comungado comigo,
o meu envelhecer sem saber de você.
Não teve jeito. Você partiu de mim, e me levou junto.
Esqueceu-se de me devolver a mim mesma, e a ermo fiquei soterrada em escombros inimagináveis,
tormentas de temporais atemporais
por ter perdido a noção dos dias, das horas de mesmice
e da solidão sem você. - O que fazer?
Encolho-me como se num saco de dormir, a ouvir
distante sua voz de sonho, sentir seu perfume que não me lembro,
apenas invento pra não morrer de inanição,
por ser ele o alimento inconsciente de minha alma...
Há quanto tempo não invento o meu inventar,
e lhe recolho em meu sonhar, misturando o seu gosto.
Seu toque de retoques que não mais me lembro...
Apenas entendo que era meu pouso!
Meu repouso do cansaço do mundo, apenas, apenas...
Edna Fialho