PEDRAS NO MEU CAMINHO
Percorrendo caminhos que nem sabia,
Fui andando nas pedras pontiagudas,
Espalhadas como se fossem aderências,
E eu, nas minhas vacilações até caia,
Pois perdido não vislumbrava horizontes.
Feridas se abriam doloridas e eu sofria,
E por mais que pedisse, tudo se calava,
Pois a escuridão teimava em me ofuscar,
E segurando nas bordas dos precipícios,
Implorava clemência pelos sofrimentos.
Dias passando e nada me amparava,
Até os passarinhos deixaram de cantar,
E as flores que plantei no jardim florido,
Murcharam e tristes foram definhando,
Pois seus perfumes deixaram de existir.
Tateando aqui e ali nas pedras pontiagudas,
Fui vislumbrando uma luz que se alongava,
Como um faról que procurasse me guiar,
Na tempestade onde não existem rumos,
E eu, vacilante e fraco, poderia naufragar.
Até que notei as pedras se afastando devagar,
Pois as flores foram derriçando suas pétalas,
Formando tapetes macios onde pude caminhar,
Com as feridas se fechando para a dor sumir,
E vislumbrei então horizontes que até deixei.
A causa das pedras que tanto me feriram,
Foi um amor tão grande que então vivia,
Carinhosa flor que plantei num jardim florido,
Bela e perfumada sendo a mais linda que colhi,
E que Deus um dia levou sem poder dizer Adeus.
24-12-2010