Lá vem de novo.
Lá vem de novo.
Posso ouvi-lo,
correndo sorrateiro,
de pés descalços.
Olhos brilhando,
Cabelos em chama.
Vem em minha direção
Sorriso ironico escrachado.
Como se pensasse em me pregar uma peça,
Outra vez.
Sussura pra mim,
Me encanta,
Me embala,
Me diz palavras doces.
Corro, fujo,
Penso se compro flores
Ou curativos.
Penso se as flores não trarão novamente
Cheiro de morte.
Penso de novo, se teria sorte.
Me toca com mãos quentes
Beija-me com lábios ardentes
Me envenena,
Me corrói,
Tenta outra vez me deixar doente.
Estou fugindo há tempos
Deixando para trás
Um rastro de perfume doce
Mas não me siga
Não me queira
Não me busque
Não abuse
Desse coração aberto
Desse amor deserto
Que encontras em mim.
Deixe-me ir,
Sem lesões
Sem perdões
Sem lágrimas.
Vá. Sorria para quem ti quer
Sou apenas menina, logo veja
Me deixe, não sou mulher.
Afaste mim esse corpo que quero tanto
Esse coração a pulsar sob meu seio,
Afasta-te que tenho receio.
Deixe-me em paz Amor cruel
Que em tua mão já fui escrava e já fui réu.