MEADA
O canto que eu desconheço
em unissono entoam
as cigarras pela noite
os passarinhos que voam
Salivo o teu nome e engulo
as tuas palavras frias
à deriva, bem distantes
da minha alma vazia.
O canto que eu não esqueço
transborda em prantos, no nada.
O oculto, o meu avesso,
é o fio dessa meada.
Estranho canto que inflama
e faz eclodir a serpente,
a fera que em mim debanda
livre, de vez, da corrente.
Seriam laços desfeitos
flores e dores em mim.
Cores e mares da vida,
esse oceano sem fim.
Marilia Abduani