MEADA

O canto que eu desconheço

em unissono entoam

as cigarras pela noite

os passarinhos que voam

Salivo o teu nome e engulo

as tuas palavras frias

à deriva, bem distantes

da minha alma vazia.

O canto que eu não esqueço

transborda em prantos, no nada.

O oculto, o meu avesso,

é o fio dessa meada.

Estranho canto que inflama

e faz eclodir a serpente,

a fera que em mim debanda

livre, de vez, da corrente.

Seriam laços desfeitos

flores e dores em mim.

Cores e mares da vida,

esse oceano sem fim.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 21/12/2010
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