Jerusa Janina
Saber o que você pensa mesmo de mim.
Teus cabelos tão louros,
alguns fios mais claros,
outros fios mais densamente alourados.
Saber o que você pensa mesmo de mim.
Saber o que diria a você o meu nome
ao final de uma tarde de um sábado qualquer
que tivesse você que fazer suas unhas,
uma escova ou então que tivesse você
que escolher o lugar que iria mais tarde
comer uma pizza com o marido ou alguém,
certamente ninguém que pudesse ser eu.
Saber o que você pensa mesmo de mim.
Saber o que a fez encostar essa bunda
em meu braço naquele dia de festa.
Um segundo durou, vai durar uma vida
a profunda ferida que se inaugurou.
Sonho todas as noites com seu corpo macio,
eu bem sei que não passa de um desvario
ter de novo você me roçando o braço.
Essa anca durinha morder, beliscar
é mais uma ferida que não vai sarar.
Saber o que você pensa mesmo de mim.
Saber que você não adivinha enfim
que lhe possa sugar essa boca que há
entre as pernas, com a cor que imagino que tem
o lugar que alguém eu já sei que sugou.
Mas não sei se você ali me imaginou.
Saber o que você pensa mesmo de mim.
O que fui, o que sou, qual será o meu fim.
É bastante arrogante eu pensar que você
possa pensar em mim, possa me conceder
lá no cabeleireiro um minuto sequer
dessa linda mulher que encostou em meu braço
essa bunda macia que trouxe esse sonho
no qual a ferida que veio, suponho,
é pensar que você possa pensar em mim.
Rio, 01/05/2006