PENUMBRA
Tanto tempo se passou
que relembrar o que aconteceu
naquele dia, seria como retroceder
para um lugar esquecido,
e sofrer um pouco mais.
Seria como cobrar da vida
algo que ela mesma não deu,
algo assim descrito como
uma flor na lápide do passado.
Seria como bailar
na penumbra, sob o ritmo
de música executada
por fantasmas.
Teria o sabor de um respirar
de uma estrada da existência,
que só soube distanciar, ao
invés de fortalecer um sentimento.
Pra que procurar o que
já não existe, ou permitir
que as lágrimas caiam novamente,
se nada será reconstruído.
Pra que dar fôlego
ao meu coração, pra que
ressuscitá-lo das cinzas?