Fragmento

I

Três paixões ainda batem em meu peito!

Uma tinha os cabelos ruivos e macios como

As pétalas das rosas; seus olhos eram de um

Verde translúcido e inefável...Amei-a em

Demasia, beijei-a loucamente! Em seu colo

Cetinoso derramei lágrimas de puro amor;

Nas noite de gozos ardentes, escorreguei

Meus lábios em seu seios, sentindo o fogo

Lascivo do sexo latejando em nossos corpos.

Amei-a, pois, suas ternuras me embriagavam

Como o vinho espanhol, que embebeda os

Corações dos doudos apaixonados...

Nos crepúsculos, os quais junto tivemos

Preguei-lhe beijos santos em suas faces vivas

E róseas; debulhei-me em pranto, sussurando

Macilento, meu perpetuo amor...cevei a eitos

Seus gozos, seus suspiros trêmulos..ah! e como

Eu a amei! Entretanto, traiu-me como uma dessas

Lazarentas venais, que em troca do orgasmo

Recebem miséria! Miséria! Três vezes miséria!

II

A segunda, uma fada, uma estrela que brilha

No firmamento alumiando esta terra tão vil!

Uma flor, da qual sonhei beber embevecido

O mel melífluo dos seus ofegantes amores.

Devanneei borracho, declamar um soneto ao

Tipo de Petrarca e, quem sabe, num instante

Louçã, adormecer esmaecido em seu ventre...

Depois, acordar mais pálido que Hamlet – ao

Ver Ofélia moribunda no esquife – e ...

Com o som terno do meu violão, entoar

Uma canção harmônica, embalando-a entre

As flores níveas de um éden irisado de cores

Cintilantes. Contudo, essa nem ao menos

Deu-me a chance de tocar a suave atração

Do seu corpo formoso e alvíssimo; ainda

Zombou das minhas poesias ironicamente.

Quanto escárnio! Escárnio! Três vezes escárnio!

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Ó meu Deus! Bofé que estou bêbado pois:

Vem –me reminiscências dessas infames, que

Como vendidas, selam nos lábios visguentos

Ósculos frios como elas!... quanto amor dado

Em vão!...quanto desdém...

III

Vem agora a minha ultima paixão; a mais bela,

A mais doce, a mais delicada; meu anjinho,

Minha amada, meu tudo....

A Vos senhores que ledes esta descrição, prestais

Atenção por favor!.. Uma menininha, de tranças

Negras, as quais a aurora matiza com seus

Vapores coloridos; tombavam sobre o colo de

Veludo formando ondas de ternura. Suas vestes

Eram véus transparentes que adornavam cada

Curva insolente de seu corpo; os seios de veias

Azuladas palpitavam cheios de amores! Eram

Dois mimos gozando desejos e meiguices...

Vísseis-la, senhores, como eu a vi, o olhar

Feiticeiro, os lábios finos e tênues; a tez tenra

E o anelo do sexo palpitando no seios e ventre.

Ó era muito bela! as tranças desciam sobre os

Traços da faces ruborizadas, tornando-a mais

Encantadora! Oh! Como era linda!....

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Meu pajem, sirva-me a taça com vinho

Palavra de honra que estou ébrio e sedento!

Pois a embriaguez do vinho é como do meu

Anjo lindo o beijo!...

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Dir-vos-ei, senhores: ela gostou de mim!

Contudo, profanei seu amor como no sacrário

Os padres a hóstia sagrada, enlevando ainda

O nome de Deus embalde!

Dionatan

Dionatan
Enviado por Dionatan em 16/12/2010
Reeditado em 16/12/2010
Código do texto: T2674811