SANTO POETA
Tenho pérolas na concha das mãos
Em oferta sublime aos teus anseios.
O vinho que inebria nossos nãos
E o leite que fecunda nossos meios.
Levo tramas na boca em confissão
Por minha reverência à tua sede.
O silêncio da palavra encontra a permissão
De pescar estrelas no céu da tua rede.
Cuido do teu ser como a um santo
Contemplando todo exemplo de vida
E, pequenas faltas, cubro-as com um manto.
Paro diante do teu altar e medito
Quão grande é a poesia e tão querida
Quando, por tuas mãos, fica o dito, bendito.