AO ENCONTRO DE SEUS PARES

"AO ENCONTRO DE SEUS PARES"

Não mais me sentir tão só

Não mais que um lamento

Que não o solfejo de se estar só

Eu só, tormento...

Feliz eu sei que existe o arrependimento

Algo que para o mundo

Por bem se emana

E se faz de conselho

E clama como companheiro convincente

Sendo que sou o conselheiro

De quem reclama

Onde de tão só se repercute

Que por cem se ilude

Como alguém que ama

Entre encontros

Quando então repara-se outro poema

Que semeia

Convocar-se

"Somar, tomar do remanso,

A postura que me corta

Clara e loquaz,

Alva e lânguida, feito uma cantiga de roda,

Onde gotas se escoram tangentes

Em gotículas que se espelham em olhos de gente

Em que vendem ao repor das vezes

As lágrimas que se desviam descrentes

Dos seus olhos em meus olhos de agora

Que não se ignoram e se acordam

E se estendem ao degustar um repente de luz

Em estranhos alvos jus

Em que se produz o descanso

Estando, remando o espanto,

Testado e testando se repreende

E se estende em seu presente

Que se reduz em manto que pus

Em estranhos braços em forma de cruz

Que se pendem e que se produz

Os dois lados de uma mesma coragem

De alpendre e de desprende

De uma mesma saudade

Que se sente

Ancoragem que prende a vida à margem

Colagem para uma seca roupagem

Passagem e sentinela de uma fase

Em que se peca, que age,

Que se vela ao fim

De uma mesma mensagem, vontade,

Ruídos em forma de sutileza

O córrego diz ao passar pelas pedras

“Te amo e te tenho sempre passado e nunca ao meu lado

Te recompenso quando te toco com meu ruído de vento

Te desejo mais que a gruta que me abriga

Te preciso mais do que a noite que me avizinha

E me toma por belo ao refletir-me a um lado da lua

Que vejo distante, nua e desamparada,

Solitária em seu presente

Ditada sem o amanhã

Sem o calor de um sol em vôo quente

Em que beija a face crua

Desprovida do que mais me ressente

Solitária novamente

Separada, indagada se reporta:

‘Abri-te a porta para um conto alvo

Em que se foi o vivente

Deixaste-me ao abrigo do céu mais dividido

Para uma fase de agrura e desprendimento

Sou cheia e às vezes faceira

Sou vaga e às vezes brejeira

Ligeira e nova como a culpa

Que inala por meus poros

Ouço o coro de luz

E coro em tom que induz

Reflito por sua pele o amarelo

Quando deitada sobre ti apelo

Minha pele não é de canela,

Mas com o branco me torno aquela

Que por ti se inflama

Que ama seu lado ausente

Sou lua minguando e às vezes crescente

Meu amor partiu e meu outro lado

Não se conteve

Não mais se viu,

Mas meu caminho aqui me prende

Sempre a espera do que me teve

Daquele veneno

Incapaz,

Que não mais me vence’

Vil é o tempo que me torna água

Por mais que presente

Não posso ficar

Corro de todo lugar

Não sou de mim porque não sou de ninguém

Toco e ao ser tocado me recolho

Àquela que sempre úmido me prende

Que anula o meu desprende

Que sei que irá me amar, eternamente”

O amor antagônico

Cônico não é meretriz

Cômico ri de si mesmo

Temo por seu desespero

Mostra-se ausente quando presente

Ausente torna-se querente de tudo à qual se desprende

Repreende todos, a qual não entende,

Defende a todos aqueles ungidos unidos em culpa

Por isso enquanto minha

Consulta abrasiva

De todos os jeitos

Aí que luta!

Vou a ti

De corpo inteiro

Dar-te o dorso

Em presságio,

Adágio

Dos galhos que encontram a fruta

Turra em seu desrespeito

Que a anula desnuda

Nula aos propósitos em respeito

Na curva dos traços

Que não se priva

A diva que me traz de consenso

Imenso como minha busca pela vida

Em que só te vejo

Como muitas

De uma só

Em que me tenho.

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 11/12/2010
Código do texto: T2665710