SÔFREGA BUSCA
SÔFREGA BUSCA
Nada há de estranhar-se
nem é culposa essa busca
tão sôfrega e intensa
das almas que se atraem
que instintivamente desejam
viver juntinhas as existências
no plano terreno vividas.
O estranho nessa busca esfaimada
é descobrir-se tão distantes
vaguem rebeldes, errantes
por vezes débeis e carentes
pelo mundo sem se encontrar,
se os há ao alcance dos beijos
carinhos, amores, desejos;
se os há em família, ao lado,
por litúrgica trama sagrados,
numa desgraçante união,
que cuida da segurança marcante
de novas almas geradas no tempo
mas não entendem nem dão guarida
aos mistérios do coração.
Quando o Divo Criador das almas
permitiu que descessem à terra
lhes encheu o bornal de paz e guerra
mais livre arbítrio para escolher.
Mas neste plano terreno
de luxo, de posse e horrores
vigora a lei das falsas honras,
de hipócritas cartas na manga
de falsos conceitos de amores.
Porque o viso se fez tão pequeno
só vale o que o papel consumou.
Mas Deus escreveu nas entrelinhas
do amor dos encarnados
a vigência de amores passados
que não se esquecem, nem se encontram,
se vêem com os olhos da alma;
se sentem no ar que respiram;
se amam e sentem saudade
vezes há com amara dor.
E entre o todo da humanidade
se buscam intensamente e buscando,
se doam irrestrito e superno
o eterno e verdadeiro amor