SÔFREGA BUSCA

SÔFREGA BUSCA

Nada há de estranhar-se

nem é culposa essa busca

tão sôfrega e intensa

das almas que se atraem

que instintivamente desejam

viver juntinhas as existências

no plano terreno vividas.

O estranho nessa busca esfaimada

é descobrir-se tão distantes

vaguem rebeldes, errantes

por vezes débeis e carentes

pelo mundo sem se encontrar,

se os há ao alcance dos beijos

carinhos, amores, desejos;

se os há em família, ao lado,

por litúrgica trama sagrados,

numa desgraçante união,

que cuida da segurança marcante

de novas almas geradas no tempo

mas não entendem nem dão guarida

aos mistérios do coração.

Quando o Divo Criador das almas

permitiu que descessem à terra

lhes encheu o bornal de paz e guerra

mais livre arbítrio para escolher.

Mas neste plano terreno

de luxo, de posse e horrores

vigora a lei das falsas honras,

de hipócritas cartas na manga

de falsos conceitos de amores.

Porque o viso se fez tão pequeno

só vale o que o papel consumou.

Mas Deus escreveu nas entrelinhas

do amor dos encarnados

a vigência de amores passados

que não se esquecem, nem se encontram,

se vêem com os olhos da alma;

se sentem no ar que respiram;

se amam e sentem saudade

vezes há com amara dor.

E entre o todo da humanidade

se buscam intensamente e buscando,

se doam irrestrito e superno

o eterno e verdadeiro amor

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 10/12/2010
Reeditado em 10/12/2010
Código do texto: T2663823
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.