Um amor de pantera...


A noite havia se extraviado de minhas vontades, 
e tão absorto estava que nem percebi tua chegada, 
porque você chegava vestida de pantera negra, 

e teus olhos eram mais gulosos do que uma gulosa, 
só faltando de tua língua pingar toda a eternidade, 
que agora era perceptível no claro- escuro do abajur, 

quebrando como ondas em teu rosto de rainha. 
Uiii...Bocelli ...uiiii...era ele que agora cantava lindo, 
e você mostrando tua vida presa nesse belo corpo. 

Hum...queria entrar dentro de você como Bocelli... 
Uiii...esse canto que podia até te abraçar inteira, 
mas você chegou séria e esse era o encontro dois, 

por que você estava tão perto de mim que nem via, 
e nem sabia o quanto você podia ser maravilhosa, 
querida pantera manchada de manchas da noite, 

que agora era nossa porque você também queria 
Nossa ! Só de falar “minha pantera” você já rugia 
mostrando teus lindos dentes...para me atrair todo, 

mas como uma gata grande me olhava indiferente, 
e eu precisava te dar umas carninhas especiais, 
que você olhava inebriada com teus belos olhões, 

esses de fera que quer saltar a qualquer instante, 
mas que ainda estava ali parada só me observando, 
e eu te dizendo que você estava séria demasiado. 

Então de repente, depois de me olhar pensativa, 
você disse a si mesma que não tinha nada a perder, 
e num salto...com tuas unhas afiadas me atacou, 
e caiu bem em cima de minha paixão que te esperava. 

Sabia que eu não tinha qualquer chance de resistir, 
então relaxei e me entreguei ao teu sabor de mulher, 
pantera que agora de negra era toda cor- de- rosa, 

menos o que te cobria de vestal que era de puro negro. 
E então nesse momento já sabíamos que voaríamos, 
eu daqui e você de lá...num vôo orbital todo simbiótico, 

e você me agarrou com tuas patas...cheias de anéis. 
Hum...então eu te reconheci...como pantera abundante, 
porque tudo em você era diferente e gostoso demais. 

Tua fartura alcançou meus lábios quase desprevenidos, 
e senti tua pelagem alvoroçar minha pele adormecida, 
como se eu devesse nascer de novo só para tua paixão. 

Hum...você me mostrou de novo as tuas garras negras, 
onde anéis de prata fulguravam como chamas de amor, 
e então você se entregou das unhas toda desarmada. 

E nesta noite de breu, toda escura eu apenas você via, 
porque você estava me surpreendendo tanto e tanto, 
que eu não queria outra coisa senão apenas te olhar. 

Sim...ficar te olhando ...eu já preso nas tuas garras, 
sem nem querer mais escapar porque era inevitável, 
e eu nem queria mais escapar...nem pensar em ir-me. 

Você existia finalmente para mim nesses carinhos, 
que eu esperara tanto tempo para ver se realizar 
e que combinavam gota a gota na chuva caindo. 

Hum...vem minha pantera... 
Vem com teus anéis de prata... 
Vem com teus olhos brilhantes... 

Vem me transformar inteiro nesta noite, 
mas não se esqueça amor, 
pois também quero ser tua pantera. 

Para saber dos teus rastos... tuas pegadas. 
Para saber o caminho... 
que me leva à tua floresta. 

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Poesia que fiz em 15-09-09 às 20 h em SP 
Lua minguante – nublado – 22 graus 
Beijos e abraços para você...boa quarta. :) 
cseagull2@hotmail.com 
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