REVERSO

A dor deste amor mendiga

o reverso da medalha

um refrão do infinito

o azinhavre na navalha.

Somático desabrigo

na fraga do meu segredo.

Eterna neurastenia

personagem do meu medo

O terror do desengano

A secreção do meu drama

A névoa em minha poesia

nos arremates da trama.

A sanguessuga em meu beijo,

cilada imperceptível.

na cama, o meu desejo,

na alquimia impossível.

O nó cego na esperança

o medo me faz tão só.

As grades em meu avesso

gorgulhos de sonho em pó.

O vírus em meus sentidos

enrijece a luz do dia.

Há mais valia na noite

que borda a melancolia

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 06/12/2010
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