o cavalete

pura poesia

é o que você faz

é o que você sabe fazer

como sabe mexer

com as suas mechas douradas

que com o seu doce sorriso

deixam em mim incrustadas

as marcas da devastação

sombrias da felicidade

que surge da escuridão

para a clarabóia do dia

o raio de sol que ilumina

o canto escondido da sala

onde em mim se resvala

a idéia de que sou pintor

o falso pintor, tu bem sabes

da minha odisséia sentada

da minha odalisca francisca

pois todos os nomes tu tens

da minha afrodite mortal

é ela o meu bem, o meu mal

que por inteiro me preenche

que por inteiro me tem

não há no mundo ninguém

com quem eu tivesse sentido

o pleno sabor da manhã

o cheiro da hortelã

com toda a intensidade

que pude prová-lo contigo

não posso crer no castigo

de ter que perdê-la talvez

me lembro do fim do mês

mas da vida esqueço do fim

oh, no peito uma dor de marfim

do peito sangram borboletas

só quero que tu me prometas

um dia de novo outra vez

Rio, 15/10/2006 (dia do professor)