Eis o poeta

O poeta não é só verso de amor

É embriaguez de solidão

É também loucura e dor

Numa rima que nunca vem

É a saideira que nunca acaba

É o desejo que nunca sacia

É o caminho para o nada

É a angústia que sempre vem

O poeta não é só poema

É enxurrada de lágrimas

É sorriso às vezes contido

É andar no escuro sem tatear

É bradar de desespero

É se recolher em si

É também ter muito medo

É sempre permitir se doar

O poeta é a própria rima

É a mistura de versos

Que dão num poema

Numa forma de protesto

É sangue jorrando dos olhos

É coração sempre pulsando

É dor, amor, alegria e tristeza.

É a vida que se mostra jorrando

MÁRIO PATERNOSTRO