Mãos Vazias II
Hoje eu queria ser poeta, e ter dentro de mim
todas as palavras que rasgassem minha garganta
que dilacerassem minhas vísceras,
que reproduzissem minha dor...
Queria as palavras que no céu eu não encontro
e que me faltam no encontro dos nossos olhos,
consumidos de silêncio e rancor
Que falassem o que há tempos já não digo,
meu amado, meu querido... eu ensaio e
acabo por guardar comigo, os carinhos que são teus.
E nada, nada traduz a dor que me implore, e mesmo
que hoje me implores por afagos, ainda não saberei fazer-te!
Não saberei beijar-te, nem fazer de teus olhos meu espelho.
Feriste tão profundamente minha carne, minha mente
e meu coração tão bobo, em tua corte, te fez rei, mesmo sem cedros,
sem coroa, pensei que tinhas ouro e me perdi no escuro dessas minas
sem achar tesouro algum..
Trago mãos sem sonhos, sem histórias de amor, sem teu perfume no meu corpo
é como um despojo ao ver, amor tão grande assim morrer. Como se fora ele
um cego que tateia em busca de um imagem assim está meu coração e só encontra uma vastidão de enganos..e palavras, palavras ele não encontra!