Mãos Vazias II 

Hoje eu queria ser poeta, e ter dentro de mim

todas as palavras que rasgassem minha garganta

que dilacerassem minhas vísceras,

que reproduzissem minha dor...


Queria as palavras que no céu eu não encontro

e que me faltam no encontro dos nossos olhos,

consumidos de silêncio e rancor


Que falassem o que há tempos já não digo,

meu amado, meu querido... eu ensaio e

acabo por guardar comigo, os carinhos que são teus.


E nada, nada traduz a dor que me implore, e mesmo

que hoje me implores por afagos, ainda não saberei fazer-te!

Não saberei beijar-te, nem fazer de teus olhos meu espelho.


Feriste tão profundamente minha carne, minha mente

e meu coração tão bobo, em tua corte, te fez rei, mesmo sem cedros,

sem coroa, pensei que tinhas ouro e me perdi no escuro dessas minas

sem achar tesouro algum..



Trago mãos sem sonhos, sem histórias de amor, sem teu perfume no meu corpo

é como um despojo ao ver, amor tão grande assim morrer. Como se fora ele

um cego que tateia em busca de um imagem assim está meu coração e só encontra uma vastidão de enganos..e palavras, palavras ele não encontra!


Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 03/12/2010
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