BRECHÓ DE VERSOS DE AMOR

Uma frase doce

confeita num breve sorriso

como suave palpitar

de pequenas borboletas brancas

sobre a campânula carmim

derramas luz da aurora

qual flor de pandora

usufruo todo o seu mel

nesta hora

esta doçura

que a tantos fascina

nesta ternura

que não pede rima

suavidade de folha que cai

beijo macaio

que pousa e se esvai

ora, bálsamo

para alma ressequida

ora, riacho que canta

uma música ressentida

poema

descansar sob revoada

destes pássaros mansos

que trespassam cativantes

no céu opala dos teus olhos

bojo de delícias

derramadas por

sublime orquídea

ou luminosa estrelicía

ouvir sua voz maviosa,

que transpassa a alma

como uma colcha sedosa

Voz tão escassa

como o cometa Haley

porém quando surge assim, musical

parece adoçada

com três colherinhas de açúcar

e nada de sal

suas amigas dizem hibernar

sob os melífluos remansos da tua alma

Etnas, Vesuvios e Katrinas?

Mas tu extrai a cada novo dia

para fascinar a todos

meigas, lindas e ingênuas meninas??

a vida não deixou de te chamar pra vivê-la!

Hoje, lhe sopraria uma brisa meliflua,

Um afago em seu cabelo,

uma carícia em seu rosto

pra gentilmente convencê-la

e pra si também tê-la.

Tua perene beleza

tua ternura de vinho,

frescor doce, carinho

deleite suave, atemporal

tua sublime pujança

embebida

em brilho labial

como se a cada piscar de olhos

a cada beijo desses seus lindos cílios

renova-se em sua alma

doce frescor de amanhecer

generosa alvorada,

de ternuras

Não me deixe

Cata-vento sem espadas

magnólias desprezadas

balbuciantes pedras frias

nos cantos úmidos, lúgubres, escuros

das vazias rodovias,

d’alma

Como tu seguras assim,

firmes na mão!

As rédeas do charme, do encanto

e da sedução?

Fazendo-me

mais um subjugado prisioneiro

do seu vasto império

de fascínio, graciosidade

e paixão

cai outra pétala

da rosa chorosa

a arder numa solidão

de tintas tão belas,

quanto dolorosa.

se ontem me embebi em sonhos doces,

multicoloridos

no travesseiro fagueiro da maciez

do seu colo

hoje acordei ainda extasiado,

mas adentrei num pesadelo

ao ouvir você dizer-me

com olhos taciturnos,

enviesados para o chão:

“ Quero fazer carreira solo ”

E quanto aos nossos sonhos irisados?

os “ projetos encantados

por nós dois armazenados,

acaso já foram arquivados” ?

e aquele sorriso mavioso,

brincando naqueles lábios tão belos

fica impresso no espelho d’alma,

na retina , nas nuvens,

flores, na alvorada

como se derrama-se n'alma

o mel

naquela porçãozinha de vida

naquela luz do paraíso...

sem você

vou me consolar com as rochas

neste império de filisteus

implorar aos espinhos chorosos

atirados do jardim

que afaguem os cabelos meus

senti-lo pressuroso

teu coração de andorinha

em pujante arritmia

sôrve-la neste lindo cálice de lírio

vou do sumo prazer,

ao ápice do desejo,

só me reencontro num delírio

Exorciza d’alma

esses ventos doridos

deixe o céu dos meus olhos

pois pro amor

teu colírio

é um suave pássaro em chamas

é sopro na retina

de areia marinada

Naquele vale em suave declive,

havia um antigo cemitério

ao ver a noite sobrepujar

uma tarde fria e cansada

eis uma anciã de fronte vincada

sombria , encapuzada,

por fina garoa engolfada

a segurar numa reza balbuciante,

uma esquálida rosa negra

por suas lágrimas acariciada,

e numa lápide ilegível e disforme

tem suas pétalas derramadas.

Ela tem saudades

do teu olhar

ouro doce de luar

mar manso

eterno remanso

meu deleite

na continuação de amar

teu olhar

beijo doce de luar

cativas a vislumbrar o teu mel

em cálice de cílios

a debater-se submisso

na tua leveza

em fim aquietam-se

minhas fúrias, as tormentas

meus delírios

Por que meus beijos

não ascendem mais

as lanternas da tua alma sombria?

Vi pingar uma lágrima

na rachadura da tua xícara preferida

Pra onde voaram todas aquelas joaninhas?

Esse ano só deu pra montar essa árvore

com zangões

e algumas muriçocas que voavam de costas

E aquelas bolinhas multicoloridas?

Enfim encontro uma fenda de oxigênio

na maciez de “uns braços” machadianos

mas é só quando começa tua novela

Te esquecer, eu tento

mas me sinto como um sapato

Jogado ao canto do quintal

Sem o seu par, sob a lua da madrugada

Entregue ao gélido relento

Te esquecer, eu tento

Mas me sinto como a estrela

Radiante, palpitante, toda luz

Mas que se perde no cosmos

De sua galáxia

Buraco negro adentro!

Te esquecer, eu tento

Mas ao me lembrar daquele olharzinho dócil

ficar triste, sorumbático, taciturno

confesso ser capaz

de roubar não só os anéis

Mas o piercing ( ranco-lhe da língua ) ,

as maria–chiquinhas,

roubaria pra você,

todo o penduricalho de Saturno

Te esquecer, olha

eu bem que tento!

" O homem bebe o leite da vida

sugando nos vasos túmidos

das sinfonias

" todo o abismo é navegável

a barquinhos de papel"

Sejam muito bem vindos em :D

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 28/11/2010
Código do texto: T2642321
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