Às vertices...
Desejei as vertigens de Rimbaud,
todas de uma só vez sem juízo
e o preço a pagar pelos excessos?
caríssimas mudas de sonhos,
o prejuízo d'alma inteira...
Desgraçada fui!
Ousei tocá-lo adentrando-me
do lado errôneo, e os beijos?
noites, agora, sem fins
e findado o coração aos gritos,
pulsa nas veias, morno e desatinado
o sangue em pecado e dano...
Por que deste-me tais beijos?
Por que escolheste, das flores, a menos duradoura?
Porque seguiste meu olhar a prumo e
em explosão calou meu mundo...
Ouso dizer-te, tudo e pouco mais...
Foste tempestade afetuosa e densa
nuvens e nuvens de lágrimas derramo
e inda que insisto e reclamo
não lograrei respostas...
Pois das incógnitas inscritas
tu és, dúbio, a mais sacra...
Ainda que eu ouvisse as melódicas vértices de Byron
e cantasse-as uma a uma, das letras
a poética grotesca, ôca entraria em desvario
e consumiria meus dias, as horas fulgazes
e teu dorso só em sombra e desejo
fugiria aos meus dedos e unhas largas...
Teu nu e bélico corpo em plácido sono
o meu desejo intenso, a sede voraz de um coiote às pressas
com as prêsas afiadas à carne viva, marcada
sem ódio, pudor ou temor
dei-me ao desalento da noite escura, neblinada
uma vez mais que não foste meu e n'outras
quis morrer viva...
Mas acaso não creio em votos de luz
à luz e meia deste céu que encontra-nos
com teu olhar sangrando a receios púdicos
e a razão do macho transversal à espreita
deixa-me tonta e perdida pra um sempre...
Antes viesse-me nas madrugadas
e ousasse puramente,
crucificando minhas vontades,
este anseio tôlo em desejar-te mais
sabendo que me olhas com dúvidas incabíveis
com estes olhos quase negros, ora infantes,
mas inteiramente postos à caça...
Nestes segundos, ao receptáculo da rosa...
A ira primeira da dama, rosa branca ao luar
temendo a vontade branda do sexo inteiro
do mero sexo,
para depois,
em teu peito repousar...