Dois corações e um só sentimento II
Meu coração outra vez,
Torna-se desobediente.
Buscando o calor de um colo.
Desejando os lábios,
De quem minha boca não deseja.
E eu na minha defesa,
Torno-me mais ofensiva,
De não acreditar mais na vida,
E nem de acreditar no amor.
A boca que tocou a minha outrora,
Deixou-me e foi embora.
E os meus desejos não levou.
Deixou apenas um traço,
De um compasso sem compasso,
Que a melodia não ritmou.
Eu agora danço sozinha,
Sem a tua boca na minha,
Sem o seu corpo no meu.
Sem o seu sentimento,
Se é que este foi sentido,
Ou por distração confundido,
Com algo que não se passou.
Mas o que recordo é tão vivo,
Está ainda aqui comigo.
Mesmo contra a minha vontade,
E por infelicidade,
Carrego no peito ainda.
Um sentimento que é só meu,
Que apesar de pouco tempo,
Quase tudo ocorreu.
Suspiros, desejos, afagos,
E até mesmo o adeus...
Mas a paixão quando existe,
Quase não tem limites,
É deixar acontecer...
Deixar que a boca suspire,
Deixar que o corpo transpire,
Que as mãos percorram o corpo,
Que de tão quente, aquece o meu.
Mas o amor é diferente,
É sentimento sentido,
São duas bocas num só suspiro,
Um só corpo, não o meu e o seu.
Mãos que se percorrem e se unem,
E que ainda se confundem,
Se sua mão ou se a minha,
E nesta mesma linha,
Sabe-se que o amor se deu.
Dois corações que palpitam
Numa única batida.
Somos nós, e não você e eu.
A paixão logo se acaba,
Do peito logo desata,
O nó que ninguém deu.
Se é amor, paixão eu não sei,
Só sei que precisarei,
Muito mais tempo que o seu.
Pra arrancar aqui do peito,
Este poema com defeito,
E o sentimento que carreguei.
Sei que foi muito sentido,
O que não deixo escrito,
Amor, paixão? Eu não sei...
Mas cometi o mesmo erro,
De gostar com muito zelo,
Quando somente eu gostei...
(Junho - 2010)