O poema que quase escrevi...!

Este poema é

quase nada...!

Uma folha aberta, branca,

incerta,

franzida ao vento,

silencioso lamento,

pensamento em matinada...

Olho direto, por dentro,

e penso no trajeto,

tento uma idéia concisa, precisa,

mas não sai nada...!

Tenho diante de mim

uma folha aberta e branca assim,

imensa, vazia, passiva

inerte e calada...

Do lado, minhas mãos imprecisas,

trêmulos gestos ao vento,

tentando traduzir em documento

tudo afora, o que vem de dentro.

Pensando já ter, tudo escrito

aqui, em mim , e no entanto em minha pena, meio que por encanto

parece que empena,

não exprime nada...!

Ela desiste;

pois sabe, que existe em tantos poemas

já reescritos, e em meus manuscritos

em pedra talhada...

Mas continuo assim...

querendo escrever um poema...

Mas sempre me surge um

novo dilema...

Retorno de pena em punho,

agora, pode ser que saia...

Mas tudo não passa

de rascunho...

como pó de farinha

no munho,

gira, some e espraia...

Agora, já quase dormindo,

vou indo... sentindo

que bom seria, se houvesse

uma idéia bem formada!

Seria tão bom, se eu tivesse

escrito um poema...

com palavras bem

rimadas...

Mas agora, é bem assim:

Vou seguir o meu caminho...

sozinho...e com a alma

quase lavada...

rasgo e amasso o papel,

olho para o céu,

grato ao Senhor,

por mais um lindo poema

que por pouco, saía

de minha pena;

e por sorte, minha alma

anotou...

Uma gota de lágrima teimosa,

que brota e cai sobre

a branca folha,

me inclina a escrever

algo triste...

que insiste vir de você,

mas talvez seja

outra coisa;

São brancos versos...

de mim

reversos que brotam

rimados, claros e belos,

são versos que quase,

consegui traduzir...

e ficaram meio amarelos...

como se estivesse

tão feliz... assim como,

nos momentos

em que estou com você...

Este poema é quase nada...!

Uma folha agora

amassada...

um bolo de papel...

atirado afora...

silencioso lamento ao léu,

pensamentos espargidos ao vento...

são lembranças escritas

que agora estão adormecidas em sonho,

em um livro, que

talvez escrevo,

aqui dentro de mim...

José Tadeu Alves