O QUE É O AMOR?

“ O QUE É O AMOR ? “

De onde vem o amor ?

Se por pavor o não já não tem

Um atol de claridade

Cruz me serve de passagem

Ao que se deixou

Do amor os rumores parecem fugir

Que ressente amar e se despedir

Já que viso a mensagem

Como o mal que me olhares

Efeito de cólera

Que se reporta pedir

O que dizes se dos jardins não careces florir ?

Se toma o lugar

Que é posto a voltar e se seguir

Como a mácula dos mortos,

Como a lágrima nos olhos

Que se enfim, se abrissem

Se diriam que sim

Porque o amor é ódio,

Se é ruir ?

Quando tão bom só tenta impedir

Que os jasmins assim como o fim

Ao se unirem aos nódulos

É que se enfeitam refluir

De amor

Com o quê o amor retorna?

Se a falta enche de fartura e a volta

Se o amor decora a mais rude ladeira

Apura a mais linda natureza

E ajuda indolente

Manipulando até o dia mais gótico

Que é tema a se incidir

Igual os clássicos nórdicos

Daqueles que cumprem seu eterno partir

Em tempos por entre o rochedo e o mar

Que se deságua sempre

Em blasfemar,

Prosperar no que falta infalível

Indivisível como o galho e o lírio

Que é amante e filho de mergulhar no vazio,

De vão encontrar

De recusar, de recuar do desvio,

De naufragar,

Pelos olhos quebrados sem par

Que se colidem com os seus,

E não salvam os meus,

De se apaixonar

O amor rasteja, planeja

Traça, trama conluios

Se dá tão tenso,

Denso como a salva de tiros

Contorna a orla,

Molda as costas

Cola a margem a presença tão falsa

Que pouco ameaça o que tampouco aquém traça

Feroz estraçalha mesmo o bicho

Digo isto decorrente da crueza do ledo

Debochando como um vírus virulento

Quieto de propósito

Depósito do ócio,

Ossos do ofício

Riso a quem se perseguir

De imortal lazer,

De se prazer de ver

Que é imoral de ser

Que é marginal e incomum

Igual a um à um

Que se dá viver

Lenta a mancha da lêndea

No depor da faca que arrancou um mecha

Frente ao fato que o tato assopra

Adaga inata, nata de um leito cortado

De retrato pendurado na borda

Sinistro e confuso

Com o qual te uso

Qual o frio no deserto,

Qual a ave só de penugens

Qual as férias sem direção

Por terras de violetas silvestres,

Por pestes em que a roupa se veste

Deixadas depois de se dar

O que é o amor se de tão óbvio

É remorso no tempo de eclodir ?

De dolo, de punir ?

De atrapalhar o que se ouvir

De grilar tantos latifúndios

Mesmo ao solo asseado,

Assentado e mítico

Pelo arado que define o quê se versa

Reverbera, agoniza ...

Como se espera impedi-lo então ?

Se assina todas as cartas de amor

Com seu rancor único,

Se finda como a luz das estrelas,

Como um cometa que vaga

Sem saber mesmo de seu ciclo de persistir

E com paciência seguir pelos braços do cio,

Meu amor

O que é o amor,

Que não sabe de sua culpa ?

O que é o amor ?

Que suga e se aproxima mansinho

Como um vizinho

Que não se gosta

Arreia movediça nos pés branquinhos

Doou seus instintos mesmo ao estudo por demais ferino

Divergindo por convergir

Os magos incandescem os provérbios,

Os mágicos cuidam do postulado

A mágica do cuidado engendrado

A conquista do engrenado,

Granada de mão se atira,

Confabula com o inverno escasso

Perder a batalha já se faz desejado

A vitória me faz mais ausente

Que abdicar de um compromisso

Que esticar o combinado

Que briga até mesmo ao concordar

Anuncia amor seu morticínio

As cruzadas se anteciparam à história

Premedita nas pragas,

Nas traças que te acompanham pela vida

Ria !

Porque é do amor,

Amar ?

E tecer seguro o passo de não se entregar

Avistar o que é visto desigual

De adiar o que o que é tido descomunal

Ao burlar o vacilo intrépido

O bacilo temporal de se recortar o que é lido

A cada novo encontrar dito

Dentre os modos velados que migram

Do ar ...

Seco e trazido,

Por sedar os mais destemidos

Como os amantes ao se dar

O que são alçados, capturados depois de se apresentarem rendidos

Remissivos de sempre dosar

O que ademais se sente

Ferozes e vil.

Atrozes em mil

Em cíclico contos

Das poucas sementes

Que se abrissem somente aos que viessem pedir

E ao se renovarem quentes

Seriam os mais crentes

De prólogo

Logo quem me mente

Atenta os meus órgãos

Porque é do amor se aceitar vadio

Mas nunca sem bens ou bem que lhe compre o asilo

Casulo de folga

Que de fora parece mais limpo

Quando nunca é dividido

Confuso crepúsculo

Anormal farolete

Que adiciona punhal e mais um estilete

Ao frete que cobra

Dobram os sinos de sons mais lindos

Que ao sim se desposa

Proposta de troca infinda

Que irrita aos pródigos

Em sua sabedoria infinita

Em que o amor é se servir

Depois de esperar

Que é vício de perseverar

Que é como esquecer

Que é como viver

E se flagelar

Que é como vagar pela vida

Se escravizar

Que é como morrer açoitado,

Agitado

Por não aceitar

Que é como incorrer em erro, em destino,

Que não fosse te amar

O amor rompido espero

Em seu invólucro de cura

Que invejo,

Tudo o que eu quero

É te amar,

É te amar,

É te amar,

Porque é do amor ?

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 23/11/2010
Código do texto: T2632396